
Ensinaram-me
a sentar com as minhas costas eretas e relaxadas, com a minha cabeça
sendo uma continuação da minha coluna, sem reclinar para frente ou para
trás, meus dois ombros relaxados e uma mão colocada levemente sobre a
outra. Sinto-me firme e relaxado nesta posição.
Sei
que hoje em dia a maioria das pessoas está excessivamente ocupada, e
muito poucas têm a oportunidade de se sentar quieta com liberdade
interior.
Estou
determinado a praticar a meditação sentada de tal modo que eu
experimente felicidade e liberdade enquanto estiver sentado, esteja eu
sentado na posição de lótus, ou de meio lótus, ou numa cadeira com os
meus dois pés deitados no chão.
Vou
me sentar como alguém que tem liberdade. Vou me sentar de tal modo que
meu corpo e a minha mente estejam calmos e pacíficos.
Com a respiração consciente vou reconhecer e ajudar a acalmar sentimentos e emoções.
Com
a respiração consciente vou acender a consciência de que eu tenho todas
as condições necessárias para unir corpo e mente e fazer surgir alegria
e felicidade.
Com
a respiração consciente vou olhar profundamente para minhas percepções e
outras formações mentais quando elas se manifestarem.
Vou olhar profundamente para suas raízes para que eu possa ver de onde elas vieram.
Senhor
Buda, eu não vou olhar para a meditação sentada como sendo um esforço
que impede os movimentos do corpo e mente, ou como um meio de me forçar a
ser ou fazer algo, ou como um tipo de trabalho pesado que vá trazer
felicidade somente no futuro.
Estou
determinado a praticar a meditação sentada de tal modo que eu me nutra
com paz e alegria enquanto estiver sentada. Muitos de meus ancestrais
consangüíneos nunca puderam provar a grande felicidade de sentar-se
consciente e eu vou me sentar por estes ancestrais.
Quero
sentar pelo meu pai, mãe, irmãos e irmãs que não têm a ventura de poder
praticar meditação sentada. Quando estou nutrido pela minha prática da
meditação sentada, todos os meus ancestrais e parentes também estão
nutridos. Cada respiração, cada momento de consciência profunda, cada
sorriso durante a sessão de meditação sentada pode se tornar um presente
para os meus ancestrais, meus descendentes e para mim mesmo.
Quero
me lembrar de ir dormir cedo para poder me acordar quando ainda estiver
escuro para praticar a meditação sentada sem me sentir sonolento.
Quando
eu estiver comendo, bebendo chá, ouvindo uma palestra de Darma, ou
participando numa discussão de Darma, vou também praticar sentando-me
com solidez e em paz.
Seja
no morro, na praia, ao pé de uma árvore, sobre uma rocha, na sala de
visitas, no ônibus, numa passeata contra a guerra, ou em uma greve de
fome pelos direitos humanos, eu também vou me sentar deste modo.
Estou
determinado a não me sentar em locais de atividades prejudiciais, em
locais onde existem jogos de azar e se aposta dinheiro, e há bebida, em
locais onde as pessoas estão guerreando, brigando, acusando e julgando
os outros, exceto quando eu tiver me comprometido profundamente a ir a
estes lugares para resgatar as pessoas.
Senhor Buda, eu vou me sentar por ti. Sentar-me-ei com uma profunda
serenidade e solidez, para representar o meu professor espiritual, que
me deu luz na vida espiritual. Estou ciente de que se alguém no mundo
tiver a capacidade de se sentar quieto, paz e felicidade certamente
chegarão nesta Terra.
Tocando a Terra
Buda
Shakyamuni, eu toco a Terra diante de ti e diante dos dois irmãos mais
velhos de tua sanga, o Venerável Shariputra e o Venrável
Mahamaudgalyayana.
[Sino]
[Extraído do livro Touching the Earth - Intimate conversations with the Buddha por Thich Nhat Hanh, tradução por Tâm Van Lang]