Muita gente questiona se
seria adequado fabricar deliberadamente um ar sorridente, durante a
meditação, quando não estiver se sentindo particularmente alegre. O
nosso Mestre Thich Nhat Hanh responde esta pergunta dizendo: sorrir é
uma prática.
Thây nos explica que existem mais de trezentos músculos em nossa face, e
quando estamos, por exemplo, com raiva ou com medo estes músculos se
tencionam, e a tensão muscular cria (e também alimenta) um sentimento de
rigidez, mas se a pessoa respira e produz um sorriso, a tensão
desaparecerá. Por isso, o Mestre nos encoraja a exercitar o sorriso. Diz
ele: apenas respire e sorria – que a tensão desaparecerá e você se
sentirá muito melhor. Ele chama esta prática de “yoga da boca”.
Thây argumenta que às vezes a alegria produz um sorriso, mas também às
vezes o sorriso labial provoca relaxamento, calma e alegria. Isso quer
dizer que tanto a mente quanto o corpo podem desempenhar o papel de
líder, de mola propulsora da alegria. O bem-estar (ou alegria) é
físico-mental. Por isso não espere para sorrir só quando o sentimento de
alegria já estiver dentro de você. Você pode invocá-lo através da
prática do sorriso meditativo.
O Mestre Nhat Hanh diz que ele não espera que a
alegria esteja dentro dele pra sorrir; pois sabe que se sorrir a alegria
virá depois.
Ele nos conta que, às vezes, de noite quando está sozinho
num quarto escuro, pratica sorrir pra si mesmo. Ele explica que faz isso
para cuidar dele com amorosidade, pois ele sabe que se não for capaz de
cuidar de si mesmo, não poderá cuidar de mais ninguém.
Yoga do sorriso é, portanto, uma prática compassiva,
que por sua vez é uma prática fundamental e imprescindível, visto que a
compaixão é o néctar da mente iluminada.
Por isso, não hesite: sorria para a
vida! A paz começa com o seu amável sorriso.
[Por Tâm Vãn Lang, bibliografia utilizada: Be free where you are, por Thich Nhat Hanh, Parallax Press, 2002. Imagens utilizadas do Google images]